todo mundo tá correndo atrás do próximo hit. mas e quem já te ouve?
novos fãs importam. os antigos sustentam.
quando o assunto é lançar música, todo mundo quer viralizar, alcançar mais, crescer. mas no meio disso, muita estratégia esquece de nutrir quem já é ouvinte.
e é aí que mora a oportunidade: a base atual é quem mais sustenta, compartilha e movimenta a música.
é mais fácil (e mais barato) engajar quem já te ouve do que conquistar um fã do zero. não sou eu quem tá dizendo: é a amber horsburgh, fundadora do Deep Cuts, no podcast co.lab sessions.
awareness é super importante, trazer gente nova pra base também, mas o ponto é: não existe mídia paga que supere uma mensagem naquele grupo de amigos que você abre todo santo dia com um link dizendo “vocês já ouviram essa música?”.
🪩 a magia do boca a boca
mas como conseguir que alguém recomende sua música organicamente?
além de todos os clichês (amplos e subjetivos demais, mas que ainda assim fazem sentido) sobre autenticidade, diferenciação e um afastamento saudável de fórmulas prontas pra ter sucesso, a música tem que fazer sentido pra aquela pessoa, porque é isso que faz alguém indicar uma faixa: o quanto ela representa.
off: nesse texto não tô falando sobre hits virais do tiktok, mas direcionando o diálogo pra estratégias que miram num plano de carreira longevo e pra objetivos um pouco mais complexos do que estourar um hit e depois sumir - o que não tem problema nenhum, só não é o foco desse texto.
a forma como o artista deve dialogar com o público não vai ser ensinada em nenhum curso, artigo ou texto, e esse é o insight mais valioso. a relação do artista com os fãs, pra ser autêntica, forte e verdadeira, deve ser extremamente personalizada. assim como cada artista é único, cada fandom também é.
são comportamentos, gostos e principalmente expectativas diferentes. o público de um artista indie, como o rubel, por exemplo, não espera dele as mesmas coisas que os fãs do mc cabelinho esperam. cabe a cada artista (ou equipe) entender o que os fãs gostam e usar desses elementos pra fortalecer a relação. vou te mostrar na prática.
🪩 quem fala & quem ouve
o debí tirar más fotos, do bad bunny, se destacou porque dialoga diretamente com as raízes e causas do público que já tava com ele desde o começo.
esses temas só fizeram sentido por conta do contexto do artista: um porto-riquenho que conseguiu projeção global e, depois de se afastar um pouco das suas origens, decidiu se voltar pra elas e fazer um álbum inteiro reverenciando a cultura porto-riquenha, colocando em foco pautas importantes pra essa comunidade. se a billie eilish lançasse o mesmo álbum, o efeito seria outro, porque o contexto não faria sentido.


cabe a cada artista entender o que no seu trabalho toca os fãs. no caso do bad bunny, a compreensão política de seu país natal e a menção aos ritmos típicos de lá foi fundamental. pra uns, pode ser uma produção super diferenciada, pra outros, a coreografia no tiktok. precisa entender o que do seu trabalho agrada o público que você já conquistou.
🪩 identificação, comunidade & performance
a partir do momento que alguém decide dividir publicamente um gosto - postando uma música no story, por exemplo - ela tá usando seu trabalho emprestado pra se posicionar de alguma maneira perante a comunidade dela (mesmo que essa comunidade sejam as 437 pessoas que a seguem no instagram, os 98 seguidores do daily ou o grupinho de 5 amigas no whatsapp).
como a andressa schneider pontuou em uma edição do incrível the spritz hunting club: comunidade não é necessariamente sobre conexão, também é uma performance sincronizada. a performance pública do seu gosto.
andressa explica que performance não significa falso, mas a escolha consciente de como queremos ser lidos pelo mundo. as marcas (e vale lembrar que todo artista também é uma marca) que querem prosperar têm que ser a senha pra uma performance que as pessoas com quem elas dialogam querem representar. quer um exemplo?
quando você vê uma pessoa compartilhando o dominguinho, um álbum de joão gomes, mestrinho e jotapê, você certamente a lê de uma forma diferente do que enxerga alguém que compartilha uma faixa da sabrina carpenter. não significa que essa leitura esteja necessariamente certa. significa apenas que o que uma pessoa decide publicar (no sentido de deixar público) nos ajuda a construir as primeiras impressões que vamos ter sobre ela.


quem compartilha sua música não tá só dividindo uma faixa: tá dizendo quem é. uma boa estratégia entende isso e entrega o que esse público fiel quer compartilhar. entender isso é fundamental para que sua estratégia vá além de atrair novos ouvintes e realmente fortaleça quem já está com você. é nessa conexão profunda que a mágica realmente acontece.
thanks for tuning in,
antônia